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13
JAN
2017
Direito de Resposta enviada em 13/01/2017 para a Direção de Redação da Revista Quatro Rodas, relativo à matéria publicada no Site da Revista Quatro Rodas Digital em 11/01/2017 denominada "10 VERDADES SOBRE O OPALA QUE OS OPALEIROS IGNORAM"
Direito de Resposta enviada em 13/01/2017 para a Direção de Redação da Revista Quatro Rodas, relativo à matéria publicada no Site da Revista Quatro Rodas Digital em 11/01/2017 denominada

 

Prezado Sr. Repórter,

Permita-me chamá-lo assim, uma vez que não encontrei a sua identificação na matéria em tela.

Me apresentando, aprendi a dirigir num Chevrolet Opala Luxo quando tinha 10 anos e hoje, com 54 anos de idade e mais de 20 modelos da marca depois (alguns adquiridos zero km), sou um admirador deste que já foi eleito como o carro mais desejado do país (tanto que ainda o possuo), sem falar em alguma experiência com antigos, inclusive como restaurador.

Com estas qualificações e acreditando na responsabilidade exigida a um repórter e de um editor de um veículo de comunicação quando da idealização/realização/divulgação de uma matéria, peço que me permita, humildemente, fazer algumas observações sobre o referido tema jornalístico.

Começo elogiando o título pois não poderia ser mais adequado, uma vez que realmente os opaleiros ignoram o divulgado; e isto por não serem verdades ou por estarem inseridas de forma inexata.

Contudo, antes de comentar sobre estas “10 verdades”, informo que para realizar um trabalho como este é importante conhecer a indústria automobilística brasileira que comemora seus 60 anos de existência, os produtos fabricados por ela, as condições de mercado e realidade política/econômica do Brasil na época, fatores totalmente desprezados pelo senhor. Não vou comentar nada disso aqui mas, fica a dica.

Vamos ao que importa:

1)      O Opala enferrujava tanto quanto qualquer outro veículo da época como os Dodges e Fords e muito menos do que veículos mais modernos como VW Passat e Fiat 147. Temos que lembrar que os processos e produtos anti-corrosão usados na época eram muito inferiores aos de hoje, mas o Opala estava longe de ser um campeão de ferrugem como o afirmado, e a prova disto é o número de exemplares do começo de sua produção que ainda circulam em nossas ruas;

2)      Item interessante pois as trincas na longarina (no cofre do motor?) surgiam em carros utilizados de forma severa e fora das especificações de uso e ou quando eram rebaixados, principalmente com motores preparados, fatores que somados com as condições precárias do nosso piso provocavam tal problema (que nunca tive nos meus carros). O que dizer do VW Passat que rachavam o túnel e as torres dos amortecedores?

3)      Realmente o primeiro motor 6 cilindros foi introduzido pela GM em 1929, todavia, o motor 6 cilindros do Opala é originariamente um Stovebolt 230 de terceira geração (1961) utilizado normalmente no mercado americano até 1990! Era uma evolução e não adaptação! Extremante resistente, versátil e com manutenção barata só tinha qualidades, amplamente utilizado em competições ou serviços pesados foi utilizado no Brasil até 1998 numa versão desenvolvida pela Lotus para o Chevrolet Omega. Existem registros de um motor 4 cilindros que rodou 1 milhão de quilômetros sem ser aberto!  Onde está o demérito Sr. Repórter? Se for assim, como ficam os moderníssimos (na época) Fiat 147 e VW Passat, este último cujo motor tem origem na década de 50 pela Mercedes para o projeto W118? Conhecimento técnico e atualização de conceitos é fundamental para alguns trabalhos;

4)       Trata-se de uma lenda criada por motoristas inabilidosos e referia-se a sua tendência sobresterçante! Neste item, nem a aplicação da lenda está correta!

5)      De forma geral, todo veículo com tração traseira e principalmente com motor dianteiro tem tendência sobresterçante. Todos os veículos com esta configuração mecânica apresentavam esta tendência na época, destacando a linha Dodge (que não vingou em competições também por isto). O que deu esta fama ao Opala foi a extrema potência de seu motor nas mãos de pessoas pouco habilidosas, ou o senhor já viu algum Opala de competição com sacos de areia na mala? Nem se o piloto fosse pedreiro!

6)      Quase que o senhor conseguiu acertar desta vez! Modelos com algum uso apresentavam a característica de poderem ser abertos por outra chave mas desde que esta fosse de Opala. Não existem registros de que não era possível em alguma ocasião abrir o veículo por dentro (?). Mas podemos fazer comparativos mais uma vez e citar o Ford Corcel I, que bastava um leve “soco” na maçaneta externa para a porta se destravar;

7)      Talvez algumas aulas de sociologia resolvessem a questão mas prefiro não perder meu tempo com isto todavia, para encerrar o assunto, ando de Opala até hoje e nunca fui parado em blitz nenhuma, e o senhor? Aliás, os Fords V8 eram os preferidos por Al Capone e também devemos lembrar como surgiu a NASCAR, ou o senhor é daqueles que acham que até o bandido dos outros é melhor do que o nosso?

8)      E qual esportivo da época era diferente disso? O Corcel GT? O Maverick GT? O Passat TS? Todos eles assim como o Opala utilizavam o seu motor mais potente, faixas, alguns relógios no painel e nada mais. Quer mais? Pesquise!

9)      O Problema aparece apenas na versão 6 cilindros porém, nada que uma manutenção de rotina não resolva. Por favor Sr. Repórter, cuidado com os exageros;

10)   Para encerrar com chave de ouro, numa época de escassez de combustíveis com postos que fechavam aos finais de semana, as montadoras procuravam aumentar a capacidade de seus tanques de combustível para conforto de seus clientes, o que também servia como um bom argumento de vendas. Era comum os proprietários de várias marcas adaptarem tanques maiores ou recorrerem ao velho bujão de plástico. Sem falar que uma das maiores qualidades do Opala era, com exceção do Ford Maverick, o único modelo a oferecer opções de motores, do valente e econômico (para a época) 4 cilindros ao potente 6 cilindros (o senhor já ouviu falar que sapato que anda gasta?). Mais uma vez, para a sua informação, a linha Ford Galaxie oferecia ao final de sua vida um tanque de 107 litros e o Alfa Romeo 2300 um tanque de 100 litros. Ah, na época não davam “vale ducha” para quem enchesse o tanque!

Na minha opinião, reportagem de respeito deve ser fiel a realidade e apresentar os pontos negativos e positivos daquilo que é o seu objeto. Não acredito em quem só vê o lado ruim de algo ou alguém.

Não o conheço mas a impressão é que o senhor é muito novo, talvez da geração Y (aquela que só conhece computadores e despreza a verdadeira arte de viver) e acredito na sua evolução e, para colaborar com o seu crescimento, convido-o a participar da Noite do Opala que acontece todos os anos no Sambódromo no mês de junho (veja a programação do Auto Show) para ver de perto quantas bobagem escreveu e talvez contar aquela da empilhadeira ao vivo para toda a comunidade opaleira!

Para encerrar, existe uma característica do Chevrolet Opala que é indescritível: acelerar o 6 cilindros e ouvindo o ronco do 6X2 e o bater dos seus tuchos mecânicos. Vamos dar uma volta já que o senhor nunca o fez pois tenho certeza que ficará com saudade do BOM E VELHO OPALA...

Apenas por curiosidade, qual carro o senhor tem?

Grande Abraço,

 

Reynaldo Scalco Junior

Diretor Técnico do Clube do Opala de São Paulo

Diretor Regional da Federação Brasileira de Veículos Antigos

Os encontros semanais do Clube são realizados todas as noites de terça no Sambódromo/SP, a partir das 19 horas.
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